HERBERT AMARAL CORREIA
( BRASIL – DISTRITO FEDERAL )
GÁRGULA – Revista de Literatura. No. 1 - Brasília, 1997. [Instituto Camões. Impressão: Thesaurus Editora]
Ex. bibl. Antonio Miranda
AGOSTO
a um passo...
— um átimo, uma pausa
separa a consumação de Agosto;
nada impede essa mão branca que se avoluma
em minha garganta cuspidora de palavras
e sabê-la me daria asas
17 de julho de 1995
COVIL
ninguém virá, a esta hora,
ao covil de minha boca
odorando amores cadáveres,
nem visitará a simplicidade da minha velhice,
ou trará purpurina à minha poesia areia,
mas um halo se expande e rediz o feito sem corpo.
Poema para Rita MOCELIN
sobre a cabeça ele traz um ábaco,
e vai cumulando o ver as coisas,
aos seus passos, cansam-se ábaco e coisas,
mas permanece por não lembrar o caminho de volta.
— Hoje quando componho palavras vão-se os sonhos,
pois sobre a cabeça pesa o azul do vinho;
— Quando criança, fiz um pacto com Deus,
quando criança, disse que minha mão seria Dele
pois não saberia o que fazer com ela;
— Mais velho, disse a Deus que usasse minha língua
pois não saberia o que fazer com ela;
— Hoje quando componho palavras vão-se sonhos,
pois sobre a cabeça pesa o azul do vinho.
ENTRE
Dedicado a Cristina
Não se sabe o que é ter até que não se tenha
(Provérbio Zen-Budista)
São lágrimas toscas
e notas entre fumos
entre páginas de bebida
entre você e eu
entre a viagem
de oitocentos lápizes
entre a calma
e o gesto
entre a medula do gesto
entre se haver esquecido
de ver o dia
Nossas almas pastoreiam
até o toucador
entre nozes
e entre nós
*
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Página publicada em novembro de 2023
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